Passeando em um shopping, Olicav, percebendo que se aproximava a hora de fechamento das lojas, dirigiu-se ao sanitário. Ao abrir a porta, percebeu que as luzes se acenderam automaticamente, e logo relembrou quando, há muitos anos, quando visitava a cidade de Burgos, na Comunidade Autônoma de Castilla y León, na Espanha, cidade que fica a 244 km de Madri, conhecera o sensor de movimento. Naquela belíssima cidade do interior da Espanha, ao adentrar o banheiro de um restaurante, logo as luzes se acenderam. Olicav ficou cismado. Imaginou que o garçom havia acionado um interruptor atrás do balcão. Ao saber do sensor, ficou abismado com a novidade, e até comentou com os amigos, ao chegar à mesa.
Os sensores de movimento, ou sensores de presença, mantêm a iluminação do ambiente acesa enquanto houver alguém no local, e após um período de tempo, elas se apagam. Você entra, as luzes se acendem; você sai, elas se apagam. São os substitutos das minuterias, que são dispositivos elétricos que permitem manter as lâmpadas acesas temporariamente.
Vinte anos depois, Olicav novamente se deparava com um equipamento que já se encontra instalado em qualquer prédio ou casa de todo o Brasil, e nas mesmas circunstâncias em que o conhecera – em um sanitário. Correu o olhar pelo ambiente, que era muito grande e bem cuidado, e se dirigiu ao último box, localizado ao fundo, bem distante. Preocupado com o horário avançado, logo se livrou da roupa e se sentou no vaso. O shopping estava em silêncio. Olhou no relógio: vinte e duas horas. Quando se preparava para se levantar, uma surpresa: as luzes apagaram. Acabara o tempo de ação do sensor, e tudo ficou às escuras. Era um breu total. Lembrou-se de ter lido que as trevas são consideradas energia maligna, ou o lugar de onde brota o mal. Mas tinha de manter-se calmo. Não era acluofóbico, sabia. E lembrou-se de Confúcio: “Até que o sol não brilhe, acendamos uma vela na escuridão”. E esboçou um ar de riso.
Olicav, de ascendência francesa, manteve-se calmo. Na escuridão total, não sabia onde ficava o papel. Deu descarga, mas ficou em dúvida se foi suficiente para a limpeza do vaso sanitário, e na dúvida, apertou a descarga novamente. Mas onde estaria o papel? Onde havia colocado sua bolsa? Tateava nas laterais, buscava na frente, passava a mão no piso, tentando localizar seus pertences, algumas compras que fizera. Mas nada. Quando encontrou a tranca da porta, tentou girar, mas ela não funcionou. Nervoso, girou a tranca para os dois lados, e a porta finalmente abriu. Mas tudo continuava sob o domínio da escuridão. É que o sensor estava localizado no alto da parede, voltado para a entrada. Olicav, aflito, segurava as calças, pois não conseguira localizar o papel. Voltou ao sanitário, na tentativa de encontrar seus pertences. Apalpando no escuro, com cuidado, conseguiu sair com seus pertences. Mas não encontrou o papel. Com cuidado, dirigiu-se à entrada, identificando os objetos que tocava: lavatório, torneira, toalhas de papel, depósito de sabonete. E a luz acendeu. Com medo de retornar ao sanitário, pôs algumas folhas de papel toalha no bolso da camisa e saiu assim mesmo: segurando as calças na altura das coxas e com os pertences na outra mão.
Mas o shopping já havia fechado, e as escadas rolantes não mais funcionavam. Lá do alto, ouvia apenas algumas vozes que vinham dos corredores, e percebeu que os seguranças faziam a última varredura nos andares. Visivelmente transtornado, fez sinal para um rapaz forte, que passava distante, apressado, e apontava para o banheiro. Ao vê-lo naquelas circunstâncias, o jovem saiu em disparada, gritando.
Olivac terminou a noite em uma delegacia de polícia, tentando explicar por que se encontrava em um shopping, altas horas da noite, seminu, com cara de assustado, convidando um rapaz para entrar no banheiro.
A INSENSIBILIDADE DO SENSOR.
Que excelente artigo, e um aviso, para que pessoas andem sempre com um flash light no bolso.
Precausao, e muito importante na vida de hoje.
Coitado do Olicav.
Um abraco.
Dodora
By: dodora on Março 14, 2010
at 7:29 pm
Parece bobagem, mas isto aconteceu de fato. O meu amigo ficou no escuro, no banheiro, e depois saiu pelo shopping às escondidas, as lojas já fechadas e outras ultimando as medidas para fechar. Foi difícil sair de lá, e serve de lição para todos nós. A minha próxima crônica conta uma estória cruel, acontecida com uma pessoa conhecida em um salão de beleza. Aguarde.
By: Evaldo Alves de Oliveira on Março 14, 2010
at 11:46 pm
Dodora, um amigo me telefonou e disse que um colega de trabalho, que é cadeirante, já ficou preso algumas vezes no banheiro, no escuro, nessas mesmas condições. Ao que parece, este fato é comum.
By: Evaldo Alves de Oliveira on Março 22, 2010
at 11:01 pm
Como ja disse , o flash light e fundamental em uma bolsa de mulher ou bolso de homem.
Quando aconteceu o 9/11 em New York, minha nora que trabalha em Manhattan, teve que descer muitos (nao lembro quantos) andares, no escuro.
Depois disto eu dei a ela um pequeno flashlight , que ela mantem na bolsa para qualquer emergencia.
By: Dodora on Abril 5, 2010
at 7:29 pm