Heloisa estava muito feliz; exultante, diria. Candidatara-se a uma vaga de estagiária dos Correios, pelo viés de suas necessidades especiais, e fora aprovada. Filha de uma funcionária de farmácia, desde pequena acostumara-se às durezas da vida. Portadora de insuficiência respiratória, e vítima de pneumonias de repetição, teve que enfrentar dificuldades quase insuperáveis durante toda sua infância.
No último fim de semana, a família comemorou a vitória da estudante. Quem diria. E, ainda por cima, passaria a ganhar uma bolsa de estágio, que muito ajudaria em suas despesas pessoais. Alguns parentes viajaram do interior para o congraçamento.
Em fase de conclusão do ensino médio, Heloisa frequentava uma pequena igreja, levada por alguns amigos. Lá, era paparicada pelo pastor e sua esposa, que a tratavam com evidente diferenciação. Mas todos entendiam e até reforçavam esse especial desvelo do casal de religiosos. Nos cultos, sua limitação física era valorizada, como forma de mostrar aos outros fiéis a importância do esforço e da superação pessoal.
No trabalho, a garota desenvolvia de modo muito satisfatório suas atividades, demonstrando inteligência, habilidade e respeito aos colegas. Chamava a atenção o seu interesse pelas tarefas. Enfim, desembaraço e presteza em suas atividades nos Correios.
Naquela sexta-feira Heloisa não conseguia esconder sua euforia. É que iria receber o primeiro pagamento de sua bolsa de estágio, acrescido do vale transporte e do tíquete alimentação. Na igreja, evitara falar destes detalhes.
Antes do meio dia, preparando-se para se dirigir ao trabalho, a estudante recebeu um telefonema do pastor. Com um falar macio, dizia que o Senhor lhe dera aquele trabalho, e que ela tinha a obrigação de entregar todo o valor do primeiro mês, e também o vale transporte e o tíquete alimentação. Heloisa respirou fundo, relembrou toda a sua trajetória de luta e falou que depois passaria na igreja para conversar.
Hoje, feliz da vida, Heloisa é aluna da primeira série do curso de Processamento de Dados.
No Gólgota, todas no cravo; aqui, também. Com personagens diferentes.
Gostaria que pessoas fossem inteligente como Heloisa. Ela fez a diferenca.
By: dodora on Agosto 6, 2012
at 2:33 am
Dodora, este caso é verídico. Atendi essa menina quando pequenina. Foi muito difícil para sua mãe fazer com que ela chegasse à idade que tem (dezenove anos).
By: Evaldo Oliveira on Agosto 6, 2012
at 7:35 pm
Que Deus mantenha a Heloisa inteligente e com saude.
By: dodora on Agosto 7, 2012
at 6:40 pm
Emocionante… faz-me lembrar o querido irmão Gileno: também tão inteligente, mas para poupá-lo nossos pais não permitiram que seguisse um caminho como o da Heloísa, que realmente faz toda a diferença.
By: sônia on Agosto 9, 2012
at 11:59 pm
Sônia, todos sabemos que há igrejas e Igrejas. Sempre haverá um local adequado, correto, onde as pessoas se sintam bem. E, acima de tudo, com respeito.
By: Evaldo Oliveira on Agosto 10, 2012
at 3:20 am