Em Natal, contam – sem especificar a época – que, mal acabara de assumir suas funções, o novo Comandante do Corpo de Bombeiros já estava de saída para um evento no palácio do governo. Ao passar pela parte interna do quartel, um soldado bombeiro bem vestido – garboso, diria -, bateu continência e apresentou arma junto ao tronco de uma frondosa mangueira.
No retorno, lá estava outro bombeiro igualmente bem vestido, que novamente bateu continência e fez nova apresentação de arma. O comandante estranhou, mas passou direto. Chamou o ordenança em sua sala e perguntou por que e há quanto tempo aquele soldado estava de prontidão debaixo daquela mangueira. O ordenança deixou claro que o soldado ali se encontrava desde que ele, ordenança, chegara àquele quartel. Por quê? Não sabia.
O oficial mais antigo foi chamado à sala do novo comandante, e deu a mesma resposta. Havia um soldado de plantão debaixo daquela mangueira há alguns anos, mas ele não sabia por quê. Desde que chegara ao quartel encontrara o soldado ali postado. Nunca discutira o procedimento, pois, ao chegar, fora informado de que havia sido o Coronel Valdettário quem fizera aquela determinação, explicou o oficial.
O comandante, imediatamente, pediu que ligassem para o coronel, agora aposentado – ou reformado, termo utilizado pelos militares -, e fez a mesma pergunta: por que havia um soldado de plantão debaixo daquela mangueira.
O coronel aposentado riu um pouco, e exclamou com clareza:
– Não é possível! Não acredito que aquele menino ainda esteja ali! A questão é: eu sempre quis que naquele local houvesse uma mangueira, para dar sombra para a sala do comandante. Eu mandava plantar e os soldados arrancavam. Mandava replantar, e novamente a pequena mangueira era pisoteada. Eu, então, determinei que ficasse um soldado armado junto à plantinha, vinte e quatro horas por dia, mas somente até que a mangueira engrossasse o tronco um pouquinho.
Uma ordem. Nenhuma contestação. O nada sendo replicado. O verdadeiro gnitekram.
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