Todos os dias, seu Kazuko, um japonês de corpo esbelto, sempre de chapeuzinho, sai pelas ruas do seu bairro em companhia de uma bela cabra, igualmente elegante, pescoço ereto, chamando a atenção de quem passa. As pessoas olham, e acham estranho aquela cabra ser conduzida por um guia de couro atado a uma coleira.
E não adianta perguntar qualquer coisa a seu Kazuko que, posteriormente vim saber, não fala nem entende uma palavra em português. Ou finge não falar nem entender, embora resida no Brasil há muitos anos.
Naquela tarde, seu Kazuko saiu de casa segurando o guia que conduzia sua cabra. De tão alinhada, parecia ter sido devidamente escovada antes do passeio.
Cândido, morador do mesmo conjunto – são ruas de quadras, tanto no Lago Norte quanto no Lago Sul – subia a rua e percebeu o japonês e sua cabra em seu passeio vespertino diário. Tomado por uma onda de curiosidade, parou o carro e se dirigiu a seu Kazuko, tentando saber qual a raça daquele caprino.
Assustado, o japonês parou e puxou o animal pelo guia. A cabra, olhos brilhantes e pescoço erguido tal qual praticante de Pilates, compunha um belo quadro ao lado de seu dono. De repente, o animal se encrespou e resolveu o imbróglio:
– Au! Au! Au!
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