Vislumbrar todas aquelas formações geológicas, únicas no mundo, curtindo o céu mágico da Capadócia a bordo de um balão, emocionar-se com os preparativos para encher a imensa bolha que sustenta as vinte e três pessoas juntas naquele pequeno espaço da cesta, tudo isso nos toca de um modo especial, e nos engrandece como pessoas. É como se fosse uma oração voada, contemplativa, nunca antes experimentada.
Dali, fomos a Konia, solo sagrado de Mevlana, profeta até ali desconhecido para mim. Mevlana Rumi nasceu em Balk, antiga Pérsia, atualmente Afeganistão, no ano de 1207. Seu pai foi um dos maiores eruditos de seu tempo, conhecido como Sultan Ulema, o Sultão dos Sábios.
A família de Mevlana estabeleceu-se em Konia, na antiga Anatólia, atual Turquia, onde Rumi iniciou seus estudos de Gramática, Jurisprudência, Matemática, Comentário Corânico Teologia e Filosofia, ao tempo em que recebia iniciação ao conhecimento e prática do caminho Sufi, a corrente mística e contemplativa do Islã.
Com a morte de seu pai, Rumi assumiu a sua madrassa (escola) aos 24 anos. Foi chamado de Mevlana por seus discípulos e pelo povo de Konia. Rumi renovou o caminho místico e influenciou outros professores e escolas além das fronteiras do Sufismo ou do Islã. Os mestres e dervishes peregrinavam pelas cidades, mesclando conhecimentos e interagindo de forma mais livre. Depois de sua morte, em 1273, seus seguidores e seu filho Sultan Walad fundaram a Ordem Sufi Mawlawiyah, conhecida como ordem dos dervishes gigantes, famosos por sua dança (cerimônia Sema).
Os dervishes (mendigos religiosos) são monges mulçumanos que levam uma vida nômade de abnegação, vivendo de esmolas. A Sema simboliza os diferentes significados de um ciclo místico de perfeição, e faz parte da cultura, crença e história de Konia (Turquia).
Foto Internet – Dervishes Dançantes
Na Sema, o dervishe usa um chapéu (a lápide do seu ego) e uma saia branca (a mortalha do seu ego). Quando inicia sua trajetória rumo à dança, o dervishe tira o seu manto negro, viaja e avança em direção à maturidade espiritual através dos vários estágios da Sema. Mantendo sempre os braços em forma de cruz, rodopia da direita para a esquerda, em torno do coração. Enquanto gira, seus braços estão abertos, a sua mão direita voltada para o céu e sua mão esquerda voltada para a terra, para dar o que recebeu aos pobres. É assim que que transmitem o dom espiritual de Deus às pessoas.
Na despedida da Turquia, tempo para uma visita à Mesquita Azul, a única no mundo com seis minaretes. Nos finais de madrugada, antes que a manhã ponha sua cara por entre as frestas das nuvens, ouvimos a convocação para a primeira oração do dia, sempre em árabe. Lembro que a Turquia não é um país árabe. Emocionante.
De pé no cesto do balão, sobrevoando elementos geológicos únicos em toda a Terra, ou no silêncio de uma contemplação, corpo e alma tocados pela divina dança dos dervishes, dois momentos ímpares na vida de qualquer pessoa.
Sublime.
Não sei por qual motivo, mas sse nome, Capadócia, sempre me intrigou…
By: Nathalie Bernardo da Câmara on Fevereiro 21, 2015
at 6:06 pm