Às vésperas de deixar Berlim, como que orientado por indicações e conversas, o visitante se depara com um quadro instigante. E pensa. O que fazem esses 2.711 blocos de concreto, todos da mesma cor, posicionados lado a lado, e de alturas diferentes? O visitante consulta o guia de viagem e confirma o que já suspeitava. Trata-se do Memorial aos Judeus Mortos da Europa, mais conhecido por Memorial do Holocausto. E fica sabendo que esse monumento foi concebido por um arquiteto americano chamado Peter Eisenman, que elaborou seu projeto em uma área de 19.000 metros quadrados, onde dispôs esses túmulos de concreto, com alturas que vão de 0,2 m até 4,8 m e medem 2,38 m de comprimento por 0,95 m de largura.
Este conjunto supostamente desordenado de blocos foi projetado, talvez, para produzir um clima de intranquilidade, uma suposta perda do contato com a razão, uma turvação das noções de referência espacial. Caminhando entre os blocos, ora você se sente perdido em meio ao silêncio, em uma instável sensação de segurança, sem contato visual perceptível, ora se descobre desnudo, quase no rés do chão, exposto às intempéries da vida.
Qual a sensação que lhe invade ao contemplar tal conjunto? Desolação? Temor?
Comente a sua. O espaço está aberto.
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Evaldooliveira
Médico Pediatra e Homeopata
Sócio Correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do RN
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