Publicado por: Evaldo Oliveira | Fevereiro 19, 2016

SANTA CRUZ-RN NAS LEMBRANÇAS DE UMA BELA PRINCESA

Todo o glamour do filme Sissi, a Imperatriz, nem de longe traduz o semblante de depressão da bela imperatriz em face dos problemas surgidos após o seu casamento infeliz e da dificuldade em se adaptar à estrita etiqueta da corte austríaca, além da ausência do marido, sempre ocupado com a política do império. Sissi era conhecida por sua beleza, por seu gosto pela moda, paixão por cavalgadas e pelos vários amantes.

Inicialmente Isabel da Baviera (Elisabeth von Bayern em alemão), depois Isabel da Áustria, foi a imperatriz consorte da Áustria e, após seu casamento com o Imperador Francisco José I em 1854, tornou-se a rainha consorte da Hungria aos 16 anos. Era conhecida como Sissi da Áustria e Hungria. No ano de 1867, juntamente com o marido, Sissi foi coroada rainha da Hungria.

No dia 10 de setembro de 1898, um sábado, Sissi, estava sentada ao lado de uma sobrinha em um banco da praça em frente ao hotel Beau-Rivage, no lago de Genebra. De longe um homem observava os passos da dama com a sobrinha. Ao se levantarem para caminhar em direção ao porto, o homem se aproximou e se jogou sobre a rainha, levando-a ao chão. À primeira vista, parecia tratar-se de uma trombada casual. Sissi se levantou e dirigiu-se ao barco a vapor que a levaria de volta para Montreux, onde ela estava hospedada.

Poucos minutos depois, Sissi começou a sentir-se mal e desmaiou no barco. Ao tentarem reanimá-la, as pessoas perceberam uma mancha de sangue na altura do coração. O vapor retornou, vindo Sissi a falecer no hotel logo após a chegada do médico.

O agressor era um anarquista italiano que estava disposto a assassinar qualquer personalidade que se encontrasse em Genebra, depois que soube que seu alvo, o príncipe d’Orleans, herdeiro do trono da França, havia saído da cidade na véspera.

A lembrança deste triste fato me conduziu, em um redemoinho retrofílico, a Santa Cruz-RN, em 1971, quando eu fazia o estágio de doutoramento (sexto ano) no Crutac – Centro Rural Universitário de Treinamento e Ação Comunitária.

Estava de plantão no hospital, em um domingo, quando um carro parou bruscamente em frente ao pronto-socorro trazendo um homem que subitamente passara mal em uma festa, no meio de uma discussão. O homem com quem o paciente discutia deu um pequeno empurrão em seu peito e se afastou. Logo o paciente começou a passar mal e foi levado ao hospital da cidade, onde já chegou morto. Eu era um dos plantonistas. Tratava-se de um homem forte, de boa compleição física e muito querido na cidade.

Examinei o paciente e percebi um pequeno ponto de sangue na camisa social, no nível do peito esquerdo. Mesmo sem camisa não foi fácil encontrar um pequeno furo no peito esquerdo, ao lado do mamilo e a cerca de quatro centímetros do esterno. Coloquei uma pinça fina e longa no ferimento e a pinça penetrou totalmente no peito. Não havia sangramento visível. Com estas informações, a polícia voltou ao local e descobriu que não havia sido um simples empurrão. O coração havia sido transfixado pelo estilete.

O agressor usava, no dia a dia, uma chibata que terminava em uma lingueta de couro, dessas utilizadas por cavaleiros para tanger o animal, e na prática do hipismo. Hoje essas chibatas são usadas em relações sadomasoquistas para realizar fantasias sexuais. Porém no cabo daquela chibata, sem que se percebesse, havia um fino punhal escondido. Ao se puxar o cabo, este vinha acompanhado desse instrumento perfurante.

Releitura de uma tragédia ocorrida há 117 anos, às margens do lago de Genebra.

Lembrança de um fato triste que marcou minha formação profissional.

EvaldOOliveira

Sócio Correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do RN

 


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