AreiabranquiCidade

No domingo, eles saíram à tarde para um passeio no CCBB – Centro Cultural Banco do Brasil. Na chegada, ambiente arborizado, com jeito de parque. No estacionamento, árvores de médio porte cumpriam sua função de sombreamento. Nisso os dois concordaram.

Eram duas exposições simultâneas. Os dois se dirigiram, quase que de forma automática, para o local onde instalações quase acrobáticas chamavam a atenção pela beleza e coerência de seus componentes. Os dois também estavam de acordo.

Satisfeitos, foram para a segunda exposição. Na chegada ao local, que ficava a cerca de cem metros, cruzaram com duas mulheres bonitas, sendo uma de meia idade e a outra uma jovem com seus vinte anos formatados em sensualidade. Foi aí que teve início o desencontro.

Um dos gêmeos dirigia toda a sua atenção à segunda mulher, que foi submetida a um minucioso processo de escaneamento. Confirmou-se então: era uma bela morena de calças provocantes, com rasgadinhos exibindo uma pele com turgor juvenil.

O outro insistia em dedicar sua atenção para a mulher de meia idade que, à primeira vista, lembrava a estonteante Anita Ekberg em La Dolce Vita. Sendo um filme de 1960, os gêmeos o assistira em uma apresentação retrofílica e ele ficara embasbacado com a obra neorrealista de Federico Fellini, digo, com a beleza da atriz.

A contenda visual os desunia de modo definitivo.

O olho direito não podia se separar do foco do olho da esquerda.

Olhares em guerra.

“Isso pode, Arnaldo?”