Quando viajamos para fora do país, uma preocupação a mais nos acompanha: o medo de perdermos o rumo, de não sabermos retornar ao próximo ponto de encontro, seja em um cais movimentado ou no hotel. Desse modo, tomamos o cuidado de levar o cartão do hotel no bolso ou confiamos no nosso parceiro de viagem. Sabemos que de algum modo iremos retornar ao hotel. A esperança é esta.
Mas naquele dia todos esses cuidados foram em vão, até porque nos dispusemos, de forma não combinada – apenas com um olhar e um sorriso maroto, a assumir que retornaríamos ao local marcado para o reencontro com o restante do grupo de amigos no deck do cais às treze horas. Sem nada perguntar aos outros.
Foi assim que aconteceu em Veneza dos canais. É desse modo que nos referimos à parte da cidade afastada do continente. Afinal, sempre conhecemos a Veneza dos turistas como uma ilha, aí incluída a ilha de Murano. Os belos e famosos cristais de Murano dizem bem da especificidade desta ilha.
Foi em Veneza que sentimos, eu e minha mulher, aquela sensação estranha de se perder. Daí, aquela apreensão gostosa de caminhar por ruas estreitas, de andar por pequenos becos. Aqui e ali encontrávamos outras pessoas igualmente sem rumo, curtindo o prazer de descobrir lojinhas nunca vistas, bistrôs maravilhosos, souvenires especiais.
A liberdade de estar procurando algo que não se sabe o que é, a confiança de que, ao final, tudo dará certo, têm o condão de produzir uma sensação nova que poderá mudar a nossa vida.
Sem medo da violência.
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EvaldOOliveira
Sócio Correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do RN
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