Há tempos um pensamento ocupa minha mente. Ideia besta ,enterrada na meninice. Dois promissores capítulos se perderam por força e culpa da comparação. Força de uma escrita desumana. Culpa, toda minha. Ter lido um tal de Machado, hoje postumamente, traz viva lembrança as minhas memórias.
O momento não era oportuno, a vergonha prenunciava a adolescência e pseudônimos estavam fora de moda. Gastava um pouco da minha vontade praticando redação. Eram boas, pena essa caligrafia horrível me distanciar do entendimento das pessoas. Fiz do limão a limonada. Cá estou médico.
Lembro-me de visitar uma cidade no interior do Goiás. A casa era de uma doceira, dona Ana vestiu-se de coragem e lançou seu primeiro livro do alto dos seus 76 anos. O mundo corou diante de Cora Coralina. Pensei, nunca é tarde.
Estava decidido a falar, ou melhor, a escrever. Foi aí que um Eco impiedoso sentenciou: “Redes socias deram voz a uma legião de imbecis”. Confesso que a mordacidade deste gênio me balançou. Pensei, até tu Umberto?! Que Deus o tenha em bom lugar.
Se Nelson Cavaquinho eu fosse, certamente diria: “Tire o seu sorriso do caminho, que eu quero passar com a minha dor”. Mas fui Noite Ilustrada , levantei, sacudi a poeira e dei a volta por cima.
Aqui acabo este breve começo. Viva nossa língua, saudemos nosso maior tesouro.
Escreverei porque é prosa; se fosse verso, declamá-lo-ia.
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Texto de Luiz Fernando Bastos
Médico Angiologista
Primeiro texto publicado
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