Quando trabalhava no Conasems – Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde -, participava com frequência de reuniões do Conselho Nacional de Saúde, que funcionava no anexo do prédio do Ministério da Saude.
O Conselho Nacional de Saúde agrupa pessoas das mais variadas representações do poder público e da sociedade civil, com o objetivo de analisar, discutir e sugerir alterações de propostas governamentais que visem à melhoria da assistência à saúde em todo o Brasil. Era assim que eu entendia. Entre os grupos que ali defendem seus interesses, há alguns que representam entidades constituídas por portadores de patologias e deficiências.
As reuniões eram frequentes, e a assembleia acontecia em torno de uma imensa mesa de forma elipsoide, com um espaço vazio no meio, de tal modo que as pessoas, mesmo um pouco distantes umas das outras, ficavam em um cara a cara quase sem querer querendo.
Certo dia, após uma reunião que durou toda a manhã e boa parte da tarde, uma senhora de cerca de cinquenta anos reclamava com grande ênfase, em uma pequena reunião que se seguira ao encerramento da sessão:
– Não tem cabimento o que aquele senhor que estava sentado à minha frente fez durante toda a reunião. Não tirou os olhos das minhas pernas um só minuto, disfarçando com seus óculos escuros. Eu sei que minhas pernas são bonitas, mas exijo respeito!
Alguém se aproximou e falou baixinho:
– Aquele senhor é cego. Ele representa uma associação de deficientes visuais, e aquela senhora ao seu lado é sua esposa, que escreve tudo que é discutido.
Silêncio no grupo. A mulher pegou o bilhete de passagem e foi para o aeroporto, sem nada falar.
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EvaldOOliveira
Sócio Correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do RN
Oi, Evaldo
Fica a lição: “Melhor calar a fazer julgamento precipitado”.
Um abraço.
By: Sonia Ribeiro on Julho 28, 2017
at 5:43 pm