Em viagem de turismo à cidade de Buenos Aires, no mês de maio, resolvi fazer algo nada convencional: conhecer um cemitério. E lá fui eu para o Cemitério da Recoleta (Cementerio de la Recoleta), no bairro do mesmo nome.
Lá, percebe-se que os arredores do cemitério se tonaram um local de lazer muito utilizado pelos moradores da cidade, pela qualidade de seus jardins. O distrito da Recoleta é um dos mais nobres da capital da Argentina.
Em face do luxo das lápides e da ostentação dos túmulos, o Cemitério da Recoleta é, hoje, juntamente com o cemitério de Pere-Lachaise, na cidade de Paris, um dos mais visitados do mundo. O cemitério da Recoleta representa o bom momento econômico que a Argentina viveu nos anos iniciais do século XIX.
Na manhã daquele sábado ensolarado, entrei no cemitério com o objetivo único de fotografar os túmulos maiores e os mais bonitos. Porém a grandiosidade dos mausoléus e a beleza de suas lápides eram tão exageradas que eu desisti.
Então, mudei de foco. Procurei pelo menor. Com essa ideia na cabeça, caminhei por ruas bem cuidadas em busca do menor de todos os túmulos. Passei em frente ao grandioso mausoléu do todo poderoso Juan Domingo Peron. Não parei. Havia muita gente em volta.
Nessa busca, deparei-me com dois dos menores túmulos do local. Em ambos, a simplicidade que o tempo soube respeitar. Parei em frente a cada um deles e me emocionei ao perceber uma vela acesa em sua entrada. Naqueles jazigos mais simples, mais antigos, com ares de mal cuidados, uma simples vela acesa os distinguia dos demais. Não percebi velas acesas nos outros túmulos, àquela hora da manhã. Exceto no de Peron.
Dois túmulos antigos, com ares de mal cuidados.
Uma vela acesa simbolizando amor e respeito, em detrimento do estado de conservação e da idade dos pequenos túmulos.
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EvaldOOliveira
Sócio Correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do RN
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