Na estrada que liga Zurique a Lucerna há uma igreja, na verdade, uma capela em homenagem à rainha Astrid da Bélgica. E você fica curioso. Quem teria sido a rainha homenageada com essa capela?
No dia 17 de novembro de 1905 nascia na Suécia Astrid Sofia Lovisa Thyra. Filha do príncipe Oscar Carlos da Suécia, irmão do rei Gustavo, recebeu uma formação de grande liberdade, sem a costumeira educação espartana que acontecia na Grã Bretanha. Seus pais queriam que Astrid e suas irmãs Marta e Margarida tivessem a mesma aprendizagem que qualquer menina burguesa. Aprenderam a cozinhar, cozer e tratar de crianças. Astrid, a mais nova das três irmãs, formou-se em Puericultura pela Universidade feminina de Upsala.
Astrid conheceu aquele que viria ser marido em um dos encontros entre famílias europeias. Em março de 1926, depois de algumas semanas de convívio, Leopoldo e Astrid sentiram-se atraídos um pelo outro. Ele, o príncipe herdeiro da Bélgica, filho de Alberto I e da rainha Isabel. Leopoldo era bonito, inteligente, simpático e rico. Os dois se amaram como se podia amar naquele tempo. O casamento foi primeiro uma cerimônia civil em Estocolmo, no dia 4 de novembro de 1926. A noiva era da religião luterana e o noivo era católico.
Ao visitar a Exposição Internacional de Bruxelas, em 1935, o rei comprou um belo automóvel, um Packard cupê. Em agosto desse mesmo ano, o casal real instalou-se com os filhos em uma pequena comitiva numa aldeia suíça para praticar alpinismo. No dia 29 de agosto o casal real, acompanhado por amigos que viajavam em outro carro, partiram para as montanhas com o intuito de praticar seu desporto preferido. O motorista e a dama de companhia da rainha viajavam no banco de trás. Astrid, com um mapa na mão, seguia o itinerário e dava indicações ao marido dos locais onde gostava de parar para apreciar a paisagem. Em um gesto impensado, a rainha, virando-se para o marido, mostra-lhe algo no mapa e este, num segundo de distração, perde o controle do carro e vai de encontro a uma árvore, em que abalroa de forma violenta. O corpo de Astrid da Bélgica é brutalmente projetado, partindo o vidro com a cabeça, e seu corpo cai ensanguentado, tendo morte instantânea. O rei Leopoldo e os outros ocupantes do carro tiveram ferimentos leves.
No seu enterro estiveram presentes monarcas e príncipes, além de chefes de Estado, mas a grande e comovente homenagem, que ela teria apreciado, foi prestada pelos mineiros, que ela protegera, e que fizeram questão de desfilar envergando suas roupas de trabalho, com os típicos lenços vermelhos ao pescoço; nas mãos, as lâmpadas acesas das lanternas com que desciam às minas.
Uma rainha, uma capela. A homenagem de um povo.
–
EvaldOOliveira
Sócio Correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do RN
Deixe uma Resposta