Nos dias que correm por aqui, bem que este grito poderia ter ecoado no Brasil. Mas aconteceu em Roma, entre os anos de 509 a.C. a 27 a.C., período conhecido como República Romana, quando foi governada por magistrados e senadores. Nesse intervalo de tempo, Roma organizou suas instituições e obteve valiosas conquistas militares.
República, coisa pública, bem público. Vida em sociedade, administração dos interesses e necessidades de todos. Depois da queda da dinastia etrusca, no ano de 509 a.C., foram erguidas novas instituições. Dentre estas, destacavam-se a Magistratura e o Senado, composto pelos cidadãos mais velhos, encarregados da elaboração das leis e do controle da ação dos magistrados.
O cargo mais importante da magistratura era o de cônsul. Na década de 60 a.C., Catilina, que era um militar e senador famoso, pretendia ser indicado cônsul da República. Muitos viam nele um risco para as instituições republicanas. Catilina e seus aliados procuraram organizar uma sublevação (golpe) contra a República. O golpe consistia no assassinato dos dois cônsules e na subjugação do Senado.
Durante uma sessão, Marco Tulio Cícero gritou no plenário do Senado, contra seu adversário, as primeiras palavras da mais famosa das Catilinárias – Até quando, Catilina, abusarás de nossa paciência? Marco Tulio Cícero era senador, escritor, jurista, político e orador.
As Catilinárias são uma série de quatro discursos célebres de Cícero, proferidos no ano 63 a.C., como ato de denúncia contra a conspiração pretendida por Lúcio Sérgio Catilina.
Catilina era filho de família nobre, e planejava derrubar o governo republicano para obter riquezas e poder. Depois do confronto aberto por Cícero no Senado, Catilina resolveu afastar-se do senado, juntando-se a seu exército ilícito para armar defesa.
Até quando, Catilina, abusarás da nossa paciência? Por quanto tempo a tua loucura há de zombar de nós? A que extremos se há de precipitar a tua desenfreada audácia? Nem a guarda do Palatino, nem a ronda noturna da cidade, nem o temor do povo, nem a afluência de todos os homens de bem, nem este local tão bem protegido para a reunião do Senado, nem a expressão do voto destas pessoas, nada disto conseguiu perturbar-te? Não te dás conta de que os teus planos foram descobertos? Não vês que a tua conspiração a têm já dominada todos estes que a conhecem? Quem, dentre nós, pensas tu que ignora o que fizeste na noite passada e na precedente, onde estiveste, com quem te encontraste, que decisão tomaste? Oh tempos, oh costumes!
Na Roma Antiga, um grito que mudou a história da civilização romana.
No Brasil de hoje, pouca coisa aconteceria, pois não mais se acredita na justiça.
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EvaldOOliveira
Sócio Correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do RN
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