Em seu consultório no Hospital de Base, o eletrofisiologista recebeu uma senhora de 78 anos que fora encaminhada para o serviço de arritmologia. Apresentava crises de taquicardia, com histórico pessoal de algumas internações.
Após detalhado exame clínico e realização do estudo eletrofisiológico, o médico cardiologista, acompanhado de um médico residente, explicou para a paciente, que viera à consulta sozinha:
– Dona Cândida, o seu caso necessita de uma ablação. Ablação de foco arritmogênico.
Em seguida, explicou pacientemente o que era uma ablação, e finalizou:
– Fique tranquila, dona Cândida, pois de cada cem pacientes que fazem a ablação apenas um poderá ter necessidade de um marcapasso depois do procedimento. Entendido?
– Entendido – respondeu a paciente.
No dia seguinte, ao chegar para o atendimento ambulatorial, o médico percebeu que havia um grande número de pessoas junto à porta do consultório, inclusive duas crianças. Ao perceber a aproximação do médico, o macho alfa já acionara seus romboides e aproximara suas escápulas, visando a um aumento da estatura, que já era avantajada; logo, um corredor polonês estava formado. O profissional foi cercado pelo grupo, e um deles assim se expressou:
– Doutor, como é que o senhor quer realizar um procedimento na minha avó em que apenas uma pessoa em cada cem escapa com vida?
Aqui, a clara percepção de um mal entendimento. E da falta de um acompanhante.
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EvaldOOliveira
Sócio Correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do RN
Arritmia cardíaca é uma irregularidade no ritmo cardíaco que indica um mau funcionamento do coração, manifestando-se com palpitações, dificuldades respiratórias, dores no peito, tonturas e desmaios.
Ablação é um método de tratamento de arritmias cardíacas com a cauterização dos seus focos, após a localização pelo estudo eletrofisiológico. A cauterização é feita com utilização de radiofrequência, forma de energia semelhante ao bisturi elétrico.
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