Qualquer um de nós sabe perfeitamente o que é um ato cruel e desumano: aquele que causa dor e sofrimento em outro ser. Aqui, a impiedade, a inumanidade e a frieza de espírito. A crueldade pode ser cometida por pessoas, com o intuito de prejudicar um tipo qualquer de criatura.
No dia 29 de outubro de 2018 foi publicada no DOU a Resolução 1.236, de 26 de outubro de 2018. Nesta resolução, são definidos conceitos como crueldade, abuso e maus-tratos contra animais vertebrados. É a primeira vez, no Brasil, que uma norma conceitua e exemplifica esses tipos de violência.
De acordo com essa Resolução, considera-se maus-tratosqualquer ato, direto ou indireto, que provoque dor ou sofrimento desnecessários a um animal. Aqui, a crueldadeé tipificada como qualquer ato intencional que provoque sofrimento ou dor desnecessários nos animais. A referência é para animais vertebrados.
Há uma semana estava almoçando em um pequeno restaurante, quando percebi que a todo momento um garotinho em torno de dois aninhos afastava-se das pessoas da mesa, dirigia-se a uma varanda ao lado, demorava-se um pouco e em seguida retornava aborrecido. Depois de três idas e vindas, resolvi observar o que fazia aquele garoto na varanda do restaurante.
De onde o garoto estava, ao perceber que uma formiga de médio porte passava pela varanda, ele saía e tentava a todo custo pisar na formiguinha, que se valia da pouca experiência da criança para escapar ilesa. E a mãe de olho no que a criança fazia. Em certo momento, percebendo a dificuldade que a criança tinha para esmagar a formiga, a mãe levantou-se preocupada. Logo pensei: Ela vai aproveitar para dar uma aula de civilidade. Algo como meu filhinho, as formiguinhas são seres vivos, assim como nós, e precisam voltar para casa, para se encontrar com as formigas do seu formigueiro. Não faça isso, deixe a formiguinha em paz. Você gostaria que alguém pisasse em você? Sei que uma criança é capaz de entender perfeitamente isso.
A mãe puxou a criança para junto de si e disse: Vou lhe mostrar como se mata uma formiga! Pisou fortemente com o sapato sobre o pobre animalzinho, que ressurgiu cambaleando, com excreções pelo corpinho. A mulher, então, com um semblante de irritação, rodou o pé para um lado e para o outro sobre a formiga, produzindo um esmagamento e sujando o porcelanato. Pronto, é assim que se mata uma formiga! – exclamou a mãe orgulhosa, e levando o filho para a mesa.
A aura da vitória espelhada no rosto da mamãe moderna.
É assim que se mata!
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EvaldOOliveira
Sócio Correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do RN
Amigo Evaldo, seu magistério é admirável. Nós todos, “humanos”, ainda não percebemos que fazemos parte de um fenômeno “universal”, que nos identifica: a VIDA.
Ainda em “estado de brutalidade” nós nos exclusivisamos, mesmo em processo de evolução.
Simples, enxuta, didática, sempre atual, sua crônica semanal é magnífica.
Obrigado e parabéns.
By: Francisco de Assis Câmara on Novembro 9, 2019
at 10:05 am