O que poderia haver de especial em falar de uma casa de vidro? Nada, pois há milhares de casas de vidro pelo Brasil afora. E se eu disser que essa casa de vidro foi construída entre os anos de 1951 e 1955 por uma das mais importantes, mais criativas e festejadas dentre os arquitetos?
Lina Bo Bardi construiu o Museu de Arte de São Paulo – MASP, que ostenta um dos maiores vãos livres do mundo e o segundo do Brasil, com 74 metros entre os pilares. Localizado na Avenida Paulista, em São Paulo, foi construído por iniciativa do paraibano Assis Chateaubriand. O edifício é considerado um importante exemplar da arquitetura brutalista brasileira, pelo destaque de seus pilares, um visual de obra inacabada, o conceito puro da arquitetura – construção de espaços de forma organizada e ordenada para acomodar atividades humanas.
O terreno onde o museu foi instalado foi doado à Prefeitura de São Paulo, com a condição de que jamais fosse construído um edifício no local. Isso porque uma construção iria esconder a paisagem para a Avenida Nove de Julho, com vista para o centro e a Serra da Cantareira. Para atender essa exigência, Lina Bo Bardi apresentou um projeto com um grande vão, onde era possível ver toda a paisagem preservada.
Em um ponto do vão livre há uma grande pedra. Oficialmente, ela está ali para ostentar uma mensagem gravada como comemoração da inauguração, que teve a presença da rainha Elizabeth II. As pessoas afirmam que Lina escolheu a pedra por ter a silhueta de Chatô, o empresário paraibano idealizador do museu.
O Masp possui a mais importante e abrangente coleção de arte ocidental da América Latina e de todo o hemisfério sul, bem como uma extensa seção de arte brasileira.
Foi essa arquiteta quem construiu algo singelo, quase flutuante, a Casa de Vidro, que seria sua residência. Construída no período de 1951 a 1955, a Casa de Vidro tornou-se ícone da arquitetura da época, por suas características únicas. Era toda de vidro. De alvenaria, apenas a parte íntima no interior da casa. Chama atenção o vão livre da parte inferior da construção, sustentado por canos de ferro. Uma ousadia nos anos 1950.
Casa de Vidro em dia de exposição
Casa de vidro. A suavidade em meio ao reboliço de São Paulo.
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EvaldOOliveira
Sócio Correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do RN
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