Como pediatras, percebemos que há uma lacuna no conhecimento sobre o real conceito de Autismo e a importância que o assunto requer, principalmente dos pais e educadores.
A Sociedade Brasileira de Pediatria-SBP conceitua o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) como um transtorno do desenvolvimento neurológico, que se caracteriza por dificuldades de comunicação e interação social e pela presença de comportamentos e/ou interesses repetitivos ou restritos.
Na maioria dos casos, os sintomas do TEA só são consistentemente identificados entre os 12 e 24 meses de idade. No primeiro ano de vida, algumas condutas em crianças podem chamar a atenção dos pais, como não se voltar para sons, ruídos e vozes no ambiente, não apresentar sorriso social, baixo contato ocular e de ciência no olhar sustentado, baixa atenção à face humana, demonstração de mais interesse por objetos do que por pessoas. Contudo, não obstante essa evidência, o diagnóstico do TEA ocorre, em média, aos 4 ou 5 anos de idade. Essa situação é lamentável, salienta a SBP, tendo em vista que a intervenção precoce se associa a ganhos significativos no funcionamento cognitivo e adaptativo da criança.
Seria possível imaginar como uma criança com autismo percebe o mundo, e de que forma ela reagiria às coisas que acontecem ao seu redor? Vamos imaginar uma situação do dia a dia, como a ida a um shopping center ou outro local de grande movimentação de pessoas.
Estímulos sensoriais variados e concomitantes, produzidos pela movimentação das pessoas, podem deixar uma criança com autismo desorientada e estressada, e essa situação aflitiva pode levá-la a ter um acesso de raiva, por exemplo. Esse excesso de estímulos pode levá-la a atingir o seu limite, levando-a a um colapso. Tudo pode parecer caótico para ela. Nesses momentos, seria antinatural querer que essas pessoas se retirem do local, avalia a Associação Brasileira de Autismo. Elas precisam de ajuda. Só isso.
Essas crianças sentem como se seus sentidos estivessem agindo ao mesmo tempo para poder entender toda a informação que recebem do exterior como se fosse caótica e causasse um mal-estar muito grande em nível interno, conforme observa a Associação Brasileira de Autismo. A sociedade precisa se conscientizar de como as pessoas com autismo veem o mundo, a fim de parar de isolá-las. E que finalmente entendam o que significa para essas crianças estar em um lugar com muitas pessoas, barulho, luzes, cheiros, cores. Os estímulos são sentidos de forma intensa, conclui a ABA.
É preciso conhecer melhor o Autismo, para o bem da criança, da família e da sociedade.
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EvaldOOliveira
Sócio Correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do RN
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