Eu tinha um cliente cujo pai fazia o papel de Lampião em uma peça sobre o cangaço, que estava sendo encenada na escola do bairro. Todas as noites lá estavam o Capitão Virgulino, Corisco, Menino de Ouro, Beleza, Beija-Flor, Cajueiro, Cigano, Cravo Roxo, Cavanhaque, Chumbinho, Cambaio, Criança, Delicadeza, Damião, Ezequiel, Português, Fogueira, Jararaca, Juriti, Luís Pedro, Linguarudo, Lagartixa, Moreno, Moita Braba, Mormaço, Ponto Fino, Porqueira, Pintado, Sete Léguas, Sabino, Trovão, Zé Baiano, Zé Venâncio, além, evidentemente, de Maria Bonita.
No palco, invadiam lugarejos, matavam e esfolavam pobres diabos, tomavam dinheiro de prefeitos não menos corruptos, além de brigarem entre si. As disputas eram ferrenhas, e o punhal lustroso falava mais alto, na maioria das vezes. Mas quem mandava mesmo era o rifle. As encenações, à noite, nas escolas ou no teatro da prefeitura, já se estendiam à terceira semana, e muitas balas de festim já haviam iluminado palcos e tablados, e o grupo se mantinha unido.
Damião – o pacato pai do meu cliente de cinco anos -, que desempenhava o papel de Lampião, passava por uma rua do centro, à noite, quando percebeu que havia uma confusão no Bar e Lanchonete Gasnatripa. De longe percebeu que Ronaldão – que assumira o personagem de Corisco – metera-se em uma encrenca, e, furioso e fora de controle, exibia uma faca no interior do bar, enfrentando dois homens que o provocaram; um filete de sangue rutilante escorria-lhe do sincipúcio. Coisas do excesso de álcool. Damião, percebendo o perigo em que se encontrava o amigo, e com o moral de Lampião, gritou:
– Corisco, cabra da peste, vá pra casa! Já!
No mesmo tom de voz, Ronaldão respondeu, batendo continência, de pés juntos:
– Pois não, Capitão!
E se retirou sem qualquer discussão.
Ninguém entendeu nada. Nem pagou a conta, claro.
–
EvaldOOliveira
Sócio Correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do RN.
Texto já publicado neste blog, com outra formatação.
Lampião! Me faz lembrar uma história que minha mãe contava. Chegando a um povoado com seus capangas, encontraram uma moça na rua, e, ele disse : prepare comida para nós. A moça respondeu. Sou pobre não tenho pais. Só tenho galinhas no terreiro. Ele falou mate 4, vá na bodega compre o que precisar. Um dos capangas foi com ela. Todos a mesa para almoçar. Um capanga falou, se tivesse um pouco de sal estaria melhor. Lampião prontamente pediu a moça uma lata de óleo vazia. Colocou meia lata de sal e completou com sal, e mando o capanga beber. Depois mandou chamar o dono da bodega. Então falou, a partir de hoje voce será o noivo dessa moça e daqui a 30 dias eu venho para o casamento e vou ser o padrinho. O rapaz temeroso falou, eu já sou noivo e estou de casamento marcado. Ele, falou. Acabe, e não quero ouvir falar que voce maltrata sua nova noiva e futura esposa. Sabe o que eu faço? Corto a cabeça. Um mes depois houve o casamento. Bem, são sei se há veracidade na história. Minha mãe contava.
Um grande abraço e Deus nos abençoe e proteja.
By: Francisco das Chagas de Brito (Chico Brito) on Novembro 26, 2020
at 3:53 pm