Asclépio não era para ter nascido, visto que sua mãe, a ninfa Corônis, foi assassinada quando ele ainda se encontrava no ventre materno. Apolo, seu pai, tirou-o do útero antes que morresse junto com sua mãe, no que teria sido a primeira cesariana da História, no século VIII a.C.
O recém-nascido foi entregue a Quíron, o melhor e mais sábio de todos os centauros, para que o criasse e educasse. Quíron era um excelente médico, e ensinou a seu pupilo todos os meandros da cirurgia e da arte de curar.
Quando adulto, e já excelente médico, foi acusado de retirar a clientela de Hades, o deus do submundo, ao ressuscitar alguns mortos. Hades exige que Zeus ordene seus ciclopes produtores de raios a fulminarem Asclépio. Apolo, enfurecido, sequestra os ciclopes de Zeus, e determina que ele o traga de volta ao mundo dos vivos, agora como um deus. Porém um mortal não poderia ser um deus, e ele retornou à vida como um semideus.
Quíron também ficou encarregado de criar Jasão, aquele da expedição dos argonautas. Assim, Asclépio participou dessa expedição dirigida por Jasão. O objetivo era trazer de volta o Velocino de Ouro, a lã de ouro do carneiro alado Crisómalo, de Cólquida para que pudesse ter de volta o trono. Jasão foi para Argo, uma cidade na Península do Peloponeso, para construir sua nau. Em seguida, escolhe uma tripulação de heróis para acompanhá-lo no que seria conhecida como Expedição dos Argonautas.
Asclépio sempre aparece com um cajado com uma serpente enrolada. A origem desse símbolo é muito antiga, anterior aos gregos. Na Mesopotâmia, há cinco mil anos, era usado um bastão com uma serpente como emblema de Ningizzida, o deus das pragas, da fertilidade e do matrimônio.

Foi em Epidauro, a 180 km de Athenas, que foi criado o primeiro centro de cura da Grécia antiga. Esse centro era dedicado ao tratamento dos enfermos e à formação de iniciados.
Na asclépia, o ponto principal da consulta era o ritual da incubação. Os doentes eram adormecidos com chás à base de ervas, no interior do templo sagrado, na esperança de que eles mesmos, à noite, descobrissem as razões que os fizera adoecer, e Asclépio viesse ter com eles em sonho, e indicasse a prescrição para a cura da sua doença. O próprio doente recebia a orientação que levaria à cura. O lugar onde o doente adormecia era chamado kemiterio – as pessoas pareciam estar mortas. Após a cura, o paciente escrevia seus sintomas e o tratamento determinado por Asclépio em uma tábua, colocava na sala dos votos, matava um galo em sinal de agradecimento e retornava para sua casa. O galo sacrificado em sua honra era o símbolo do raiar do sol, o astro regido por Apolo, o pai divino de Asclépio.
Asclépio. Retirado do útero materno para ser o deus da Medicina.
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EvaldOOliveira
Sócio Correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do RN
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