Publicado por: Evaldo Oliveira | Junho 4, 2022

O RÁDIO EM MINHA INFÂNCIA

Quando eu era criança, na década de 1950, poucas pessoas dispunham de um rádio em suas casas. Amigos e vizinhos iam para a casa de alguém que tivesse um rádio para ouvir as últimas notícias. Lembro com detalhes que, na transmissão da morte de Getúlio Vargas, em 1954, ficamos todos, em casa, em volta de um rádio cujo som era baixo. Era nesse aparelho que papai escutava, à noite, o programa de Alziro Zarur, da Legião da Boa Vontade.

Porém, antes do rádio, havia um aparelhinho de grande simplicidade que reproduzia o som de algumas emissoras de fora, e esse pequeno aparelho foi parar em nossa casa. Era uma galena. 

Esse aparelhinho esquisito apareceu na mercearia do meu pai, que logo descobriu tratar-se de uma galena. Esse equipamento simples era composto de uma bobina, um capacitor e um cristal de galena. Para funcionar, necessitava de uma antena e de um fio terra, e dispensava o uso de corrente elétrica. Galena, o mineral, é o sulfeto de chumbo, principal componente do chumbo. O som era o de um gato novo rosnando. 

A partir do início da década de 1950, algumas pessoas adquiriram os primeiros rádios na cidade, e o aumento das emissoras propiciou a sua quase universalização.

Areia Branca entrou em contato com o rádio portátil de forma inusitada: Certa manhã, Tututa, um jovem que servia à Marinha em Natal, desfilava pela Rua da Frente com um rádio portátil gigante, carregado na cabeça por um adolescente. Era uma grande novidade. Foi uma festa. Como um rádio podia funcionar sem estar ligado à energia elétrica? – Perguntavam as pessoas controlando a emoção. Eu tinha entre 6 e 8 anos.

A galena. O rádio, a televisão em preto e branco e em cores, o gravador de rolo e de cassete, o Walkman, o Videocassete, o videodisco, o DVD, o celular, o Blue Ray, o MP3. O Spotify. Hoje, uma criança de dois anos já domina algumas facetas do smartphone. 

EvaldOOliveira

Sócio Correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do RN

Wikipedia: O rádio galena é um receptor de modulação AM que utiliza as propriedades semicondutoras do mineral galena. Ele demanda uma antena de grande extensão (15 metros de fio cru, uma bobina e um capacitor, em que um deles é variável) sintonizado na frequência AM, passando por um circuito retificador (formado pelo diodo de galena}. Dispensa o uso de eletricidade para funcionar.


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