Publicado por: Evaldo Oliveira | Fevereiro 11, 2023

SUTILEZAS DA PRÁTICA PSIQUIÁTRICA

Dr. Everson é um psiquiatra alinhado com a modernidade de sua especialidade, e busca sempre procurar entender a mensagem por trás de uma queixa ou atitude de seus clientes. Desse modo, está sempre disposto a ouvir seus pacientes. Certo dia, estava em seu consultório, atendendo uma consulta, quando o telefone tocou. O médico fez de conta que não percebera o número no visor do telefone. Um minuto depois, novamente aquele número aparecia na telinha do aparelho. Era ele. Resolveu atender.

Era ele, mais uma vez. A terceira chamada em cinco minutos. O médico falou com voz pausada:

– Qual é o problema, seu Lázaro (nome fictício)?

– Doutor, por favor me ajude – Falava o cliente, já bastante conhecido do profissional. Sua voz denotava um tom de aflição e desespero.

– Seu Lázaro, fique calmo e me explique o que está acontecendo.

– Doutor, fui sequestrado!

– O senhor tem certeza do que está dizendo?

– Tenho, sim. Estou preso em um quarto.

– Seu Lázaro, conte o que é que tem nesse quarto em que o senhor foi colocado.

– Tem uma cama, um ventilador de teto, uma cadeira e um aparelho de televisão igual ao meu.

– Seu Lázaro, o senhor deve estar em seu quarto. Veja direito.

– É, doutor, agora percebi. Estou em meu quarto.

E desligou.

Há um mês, saindo do elevador do prédio onde tem o consultório, sentiu seu aparelho celular vibrar no bolso da calça e verificou quem era o responsável por aquela ligação.

Do outro lado um cliente implorava por um atendimento de emergência para a manhã seguinte, bem cedo, porque seu caso era muito grave. Inclusive ele não entendia como ainda estava vivo depois daquele incidente.

O médico concordou em chegar meia hora mais cedo para atender o paciente, em vista da urgência do caso.

Quando o psiquiatra chegou, meia hora antes de iniciar o expediente, o paciente já o esperava há meia hora. Estava muito aflito e angustiado.

– Seu Jaime, o que aconteceu?

– Doutor, um inseto picou bem no alto da minha cabeça. Nem sei como não morri.

Pacientes. Conflitos. Capacidade para entender as mensagens que cada paciente traz consigo.

Psiquiatria.

Evaldo Alves de Oliveira

Sócio Correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do RN

Já publicado neste blog com outro título e outra formatação


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