Quando assistia missa em Natal, pelos idos de 1960, toda vez que ouvia a leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios eu era acometido de um deja vu estranho, reincidente. O detalhe era o evangelista se referir à língua dos anjos. Lembra? Ainda que eu falasse a língua dos anjos… Imagino ter sido Padre Ismar, em Areia Branca, na década de 1950, com seu jeito meio pai meio diretor de escola, quem me falou de São Paulo e de sua esplêndida obra evangelizadora.
Depois de adulto, muitas vezes ouvi, li e me emocionei com a Carta aos Coríntios, levada ao povo no teatro romano de Éfeso. A Legião Urbana utilizou parte de seu texto para compor uma de suas melhores músicas, e a mensagem de São Paulo chegou mais perto do povo.
Há três anos, viajando pela Turquia, visitei Éfeso, e tive a felicidade de conhecer, maravilhado, as belas ruínas de sua maravilhosa Biblioteca, uma das maiores do mundo em sua época. Nas proximidades da biblioteca, um monumental e bem cuidado teatro romano nos recepcionaria a seguir. Avisaram-nos, antes da visita, de que aquele local tinha o dom de induzir as pessoas a um nível de encantamento, transportando-as a um estado de êxtase espiritual. No momento da minha visita, percebi um certo alvoroço entre pessoas que estavam no teatro. Todos se voltaram para a parte central daquele imensa estrutura, e um silêncio dominou o ambiente. Uma turista coreana parou no centro do teatro e começou a cantar. Uma belíssima voz de soprano nos transportou ao nirvana. Era uma música sublime, que levou algumas pessoas às lágrimas.
Imagine você ter o privilégio de estar em um teatro romano, na cidade de Éfeso, no interior da Turquia, pisando as mesmas pedras milenares sobre as quais o apóstolo Paulo fazia preleções ao povo, antes de ser preso pelos soldados do império romano. E saber que, ali, ele falou aos coríntios, em meados do ano 55 d.C., em uma pregação – São Paulo nasceu no ano 5 da era cristã, em Tarso, na Ásia Menor.
E conseguiu emocionar um areiabranquense em pleno século XXI.
Amigo Evaldo.
E eu com uma “santa inveja” de ti.
By: othon on Junho 10, 2015
at 4:33 pm