No ano de 1975, um acontecimento inusitado. Naquele ano, eu era médico de uma instituição do Sistema S (Sesc/Senac, Sesi/Senai) em Brasília. A empresa, à época, desenvolvia um trabalho de treinamento de formandos em medicina, que funcionava em sistema de estágio em suas unidades.
Em uma tarde, entra em minha sala uma estagiária muito bonita, recém-casa, e pede para falar comigo em particular. Estava muito aflita, e implorava minha intervenção como responsável pelo serviço de saúde. Pedi para que sentasse, e ela desabafou:
– Estou apavorada. Ontem à noite atendi um senhor, que se diz jornalista, que me entregou um relatório de uma suposta psicóloga que indicava os procedimentos a serem realizados no paciente.
A estagiária, aflita e aos prantos, colocou em minhas mãos o relatório da psicóloga, onde se especificava o quadro clínico e se enumeravam os procedimentos e cuidados junto ao paciente. No relatório da falsa psicóloga, uma sequência de eventos que deveriam ser desenvolvidos, entre os quais o cuidado com o manuseio de seu pênis, pois ele era sensível e poderia ter orgasmos sucessivos, e sua próstata também deveria receber cuidados, pois havia uma hipertrofia desse órgão.
Logo se percebiam as intenções do jornalista, um senhor na faixa dos sessenta anos. Acalmei a estagiária, e combinamos uma reação inusitada. Mandei-a para casa.
Às dezenove horas, o paciente surgiu na porta do consultório. De longe sentia-se o cheiro de seu perfume. O frescor de seu rosto denunciava um banho recente.
– Boa noite…
– Boa noite, disse eu, retirando o jornal que fingia ler, sentado na cadeira.
Nervoso, perguntou pela médica que o atenderia. Tranquilo, expliquei que, devido ao seu problema na área genital, eu fora destacado para atendê-lo, em virtude de minha experiência nessa área. O paciente repetia a todo momento que não queria ser atendido por um homem.
Transtornado, confuso, gaguejando, aquele senhor com ar de pessoa respeitável retirou-se da sala em disparada, dirigindo-se às pressas pelo corredor.
Animal em fuga. Uma farsa.
Evaldo, Santo Deus, vocês, médicos, enfrentam cada situação!!! Ainda bem que lá estavas para salvar a colega de tamanha “saia justa”, salvando-a desse “tarado”. Ambos enfrentaram uma situação cujo desfecho poderia ter sido desastroso.
Um abraço.
By: sonia on Setembro 29, 2014
at 1:26 am